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Monday, October 17, 2005

A Comunhão Universal

É da Providência do Senhor que existam tantas nações no globo terráqueo e ninguém deve se espantar de haver tantas religiões no mundo. O principal de toda religião é reconhecer que há um Deus. Quando se deixa de fazer o mal porque é um mal contra seu Deus, e se vive de acordo com sua religião, tal atitude recebe algo de espiritual em seu natural. É muito melhor o budista ou o maometano que não faz o mal contra o próximo porque isto é contra sua religião e seu Deus, do que o cristão que é cruel com o seu semelhante, e tem uma vida imoral e hipócrita. Que adianta este último ser batizado, confessar de boca que crê na Bíblia, participar da santa ceia, orar e jejuar, mas achar-se moralmente superior aos demais, ao ponto de julgá-los cruelmente, sem dó nem piedade, ao mesmo tempo que não vê nenhum pecado nos adultérios, é hipócrita, e tem um desprezo velado ou declarado pela virgindade antes do casamento. É preferível o maometano ou o budista que revela honestidade e misericórdia para com o seu próximo, vale dizer, que tem um coração verdadeiramente humano.

O Divino Bem

O fim de toda a criação é um Céu proveniente do gênero Humano. Todos no Céu já foram homens um dia. Por conseguinte, primeiramente, Todo homem foi criado para viver eternamente. O Universo inteiro e toda a criação não teriam sentido algum para Deus se Ele não tivesse criado o homem para comunicar o Seu Divino. O Divino, sendo Ele de uma glória inesgotável, não poderia retê-la só para si. Teria que ter criado um sujeito que contemplasse mais de perto e que sentisse o Divino. O amor quer comunicar o que é seu ao outro. O amor é auto-doação. Que dirá então o Divino Amor, que é infinito. Deus não quer dar ao homem uma felicidade transitória, mas a felicidade eterna. Todos os que chegam no Céu, retornam à juventude, e assim permanecem eternamente. Segundamente, todo homem foi criado para viver eternamente em um estado feliz. Ora, aquele que quer que o homem viva eternamente, também quer que ele viva feliz. A vida eterna é este estado. Todo amor quer bem a um outro. Os pais querem bem aos seus filhos. O marido quer bem à sua esposa, e o amor da amizade quer bem aos seus amigos. O que não deve querer o Divino Amor. O bem é o prazer, e o Divino Bem é a beatitude eterna. Um bem em que não há prazer não é de fato um bem. A vida eterna, portanto, é a beatitude eterna, e este estado do homem é a finalidade da criação. Terceiramente, assim todo homem foi criado para ir para o céu. Se nem todos vão para o céu, é porque se embebedam dos prazeres do inferno, os quais são opostos à beatitude do Céu. Os que não estão nos prazeres celestes, não podem suportar a atmosfera de lá, porque se sufocam e se contorcem, pois o oposto aje contra o oposto. Em quarto lugar, o Divino Amor não pode fazer outra coisa senão querer isso, nem a Divina Providência fazer outra coisa senão prover isto. Todavia, para que o homem sinta a felicidade celeste como sendo sua, ele precisa ser mantido em uma aparência de que pensa, quer, fala e age por si mesmo e, desta forma, ele só pode ser conduzido segundo as leis da Divina Providência.

Saturday, October 08, 2005

A Divina Providência

A falta de confiança na Divina Providência gera a impaciência; a impaciência, por sua vez, a ansiedade, a angústia, o desespero e a falta de paz. O segredo da felicidade é deixar-se ser guiado por Deus. Deus nos guia despertando nosso discernimento, o que ocorre pela abertura de nossa visão espiritual.
O homem tem o péssimo hábito de achar que tudo que ele realiza, e que ele é, vem dele mesmo e de sua prudência, isto é, ele atribui tudo a si mesmo. E o que não podem atribuir a se mesmos, chamam de acaso ou contingência. Mas a Doutrina Celeste nos ensina que acaso e contingência são palavras vãs.
A Divina Providência é o Governo de Deus, com vistas a manter a criação e dispor as coisas de modo a conduzir o homem a pensar e querer o bem e o vero, a fim de regenerar-se. O Senhor governa tanto os voluntários quanto os intelectuais do homem. O homem por si mesmo não pode querer os bens, e pensar os veros.
O desespero por que passa o homem em processo de penitência reside na falta de confiança na Divina Providência. Porque, se não há Providência, como ele pode ter esperança? Se tudo é acaso cego, como podemos ter esperança? Mas quando cremos na Providência, até a miséria que vivenciamos no passado e no presente assume algum sentido, pois o mal tembém pode ser instrumento da Providência para nos conduzir ao arrependimento. Não estamos entregues às baratas.
Isto não nega o livre-arbítrio, pois o homem é reformado pelo livre segundo a razão. A liberdade e a razão são os instrumentos da Providência para reformar o homem. Tudo o que está no livre segundo a razão no homem, lhe aparece como sendo dele mesmo, portanto, lhe é apropriado como sendo seu, e permanece. Sem a liberdade e a razão, o homem não seria homem, mas um autômato. São estas faculdades que convencem o homem de que todo bem e vero que possui, não vêm dele mesmo. Isto o persuade cada vez mais a desistir de sua vontade própria, e escolher o que vem de Deus.
Mas há uma diferença entre Providência e predestinação. Predestinação é a crença segundo a qual Deus predestinaria de antemão alguns homens à danação eterna, e outros à salvação eterna, independentemente de se as obras de um e outro são boas ou más. A Providência, por seu turno, é o Governo Divino, como vimos, que mantém a criação, e couduz o homem a pensar e querer os bens e os veros salvíficos, a fim de redimi-lo.